O PASSADO MANDA LEMBRANÇA IV
PREFÁCIO: O PASSADO MANDA LEMBRANÇA IV
Ultimamente
tenho me divertido clicando as coisas que me rodeiam com a facilidade que me é
permitida por um celular Galaxy J3 da Samsung.
Posso
garantir que os fotógrafos, cujas fotos em branco e preto se encontram nesse
quarto volume de O Passado Manda Lembrança, nem imaginavam poder, um dia, tirar
uma foto, e ver o resultado sem antes manusear, em câmaras escuras, durante
horas, películas fotográficas, produtos químicos e outros materiais
disponíveis: registrar em fotos o dia a dia era tarefa para poucos.
Hoje
todo mundo se considera fotógrafo a partir do momento em que tem em mãos uma
máquina fotográfica.
Mas
não é tão simples.
No
caso de buscarmos clicar uma foto, tendo como base uma outra foto clicada
décadas antes por outro fotógrafo, no mesmo lugar, sob o mesmo ângulo, mas com
equipamento diferente, as coisas se complicam: é um enorme desafio.
Revisitar o
passado clicando fotos como se estivéssemos no lugar do outro, é falar sobre a
história em suas infinitas manifestações, é falar das ações e obras de grupos e
indivíduos: é falar de luz , vida e amor em tempos diversos, é viajar no tempo.
Quando
observamos um site ou revista sobre fotografias, notamos que o material capturado é, quase sempre, nosso
antigo conhecido.
Mas o que
torna, então, determinado fotógrafo ou fotografia mais interessante que outros?
Além das
técnicas e equipamento utilizados...o olhar.
O olhar que
encontra um detalhe interessante, o que invade a privacidade de coisas e
pessoas, o que descobre e registra um fato inédito, o que vê por meio de um
espelho d’água, o que revela ao mundo uma realidade local ou regional, o que agride desvendando
rugas, o que, enfim, olha com os olhos do coração e da alma.
Fotografias
são frutos de olhares, ou mesmo os próprios olhares e, como tal, agridem,
agradam dão prazer, provocam, desafiam, alegram.
E, dentre
essas múltiplas formas de olhares, surge neste trabalho do Grupo Amigos da
Fotografia, o re-olhar, o olhar novamente pelo mesmo prisma, pelo mesmo ângulo,
no mesmo lugar, com a mesma luz, mas em épocas diferentes.
E eis revelada
a mágica que encanta e faz refletir : poder capturar a ação do tempo sobre as
coisas e pessoas, ficar imaginando como e o que motivou os fotógrafos que
registraram o antes e o depois, sentindo-se parte do processo da criação divina
— se, não criando , pelo menos registrando — capturando imagens para
libertá-las inexoravelmente, acompanhadas de reflexões poéticas, para todos os leitores que amam e admiram a arte de Daguerre.
Foto é sempre uma espécie de metalinguagem artística,
porque, se a vida é dinâmica, a foto capta um átimo de existência que se
cristaliza em pixels por intermédio na visão do fotógrafo. Ele sempre fotografa
o seu íntimo, a sua visão do mundo, o seu momento, a sua experiência de vida.
Logo, este O Passado Manda
Lembrança é mais um momento mágico da história da fotografia ribeirãopretana.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
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